Três palavras bastaram para me fazer
refletir: sofrer para quê? Isso foi dito por uma jovem senhora à acompanhante,
mais velha. Ouvi-as enquanto, parece-me, iam para uma academia de ginástica. A
pergunta é inteiramente válida, mas é a resposta que importa. Quantos de nós
consideram que o sofrimento é parte integrante desse processo a que chamamos
vida? Creio que muito poucos. Sofremos por causa de uma doença, sofremos quando
da perda de alguém que supomos insubstituível, sofremos por mil e um motivos,
grandes e pequenos. Para muitos, falar em sofrimento é quase como uma
condenação à morte. Todavia, devemos considerar que viver é sofrer; já
sobreviver é encontrar um sentido para o sofrimento. Assim, se há sentido na
vida, então deve haver sentido no sofrimento. Segue-se, pois, que buscar
sentido no sofrimento é, de certa forma, buscar o sentido da vida. Entretanto,
como muitas outras coisas, a aceitação da dor - e não só a física – é tarefa
que beira a impossibilidade para a maioria dos seres humanos. O ideal
perseguido por quase todos, mas literalmente inexistente, é o da vida perfeita,
sem problemas, sem percalços, sem sofrimento. Isso é completa utopia. É
vencendo as dores, derrotas e frustrações diárias que damos sentido a nossa
vida. A maneira como aceitamos nosso destino, como carregamos nossa cruz, nos
dá a chance de acrescentarmos um sentido à nossa passagem por este vale de
lágrimas. Dostoevsky disse que só havia uma coisa que ele temia, e era não ser
digno do seu sofrimento. Para Nietzsche, quem tem um motivo para viver, pode
suportar quase tudo. Assim, provar que se é digno do próprio sofrimento é o
caminho para alcançarmos um nível mais elevado na escala da condição humana.
sábado, 15 de julho de 2017
SOFRER PARA QUÊ?
Depois de longuíssimo o, mas não muito tenebroso, inverno, eis-me de volta. Mas não fiquei à toa, apenas dei mais atenção à página no Facebook, a tal de fan page, que meu herdeiro criou e me "intimou" a postar textos, ao menos, uma vez, por semana, determinação que, aliás, não cumpri à risca. Trouxeram-me de volta a lembrança do meu velho blog, que foi criação minha, e o gosto pela escrita. E, se ainda há alguém que se lembre desse espaço, avise-me no espaço para comentário, pois pretendo não deixar de publicar minhas reflexões aqui mesmo, sem esquecer a fan page. É trabalho dobrado, mas é gratificante.
Assinar:
Postagens (Atom)