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sábado, 15 de julho de 2017

SOFRER PARA QUÊ?

Depois de longuíssimo o, mas não muito tenebroso, inverno, eis-me de volta. Mas não fiquei à toa, apenas dei mais atenção à página no Facebook, a tal de fan page, que meu herdeiro criou e me "intimou" a postar textos, ao menos, uma vez, por semana, determinação que, aliás, não cumpri à risca. Trouxeram-me de volta a lembrança do meu velho blog, que foi criação minha, e o gosto pela escrita. E, se ainda há alguém que se lembre desse espaço, avise-me no espaço para comentário, pois pretendo não deixar de publicar minhas reflexões aqui mesmo, sem esquecer a fan page. É trabalho dobrado, mas é gratificante.

Três palavras bastaram para me fazer refletir: sofrer para quê? Isso foi dito por uma jovem senhora à acompanhante, mais velha. Ouvi-as enquanto, parece-me, iam para uma academia de ginástica. A pergunta é inteiramente válida, mas é a resposta que importa. Quantos de nós consideram que o sofrimento é parte integrante desse processo a que chamamos vida? Creio que muito poucos. Sofremos por causa de uma doença, sofremos quando da perda de alguém que supomos insubstituível, sofremos por mil e um motivos, grandes e pequenos. Para muitos, falar em sofrimento é quase como uma condenação à morte. Todavia, devemos considerar que viver é sofrer; já sobreviver é encontrar um sentido para o sofrimento. Assim, se há sentido na vida, então deve haver sentido no sofrimento. Segue-se, pois, que buscar sentido no sofrimento é, de certa forma, buscar o sentido da vida. Entretanto, como muitas outras coisas, a aceitação da dor - e não só a física – é tarefa que beira a impossibilidade para a maioria dos seres humanos. O ideal perseguido por quase todos, mas literalmente inexistente, é o da vida perfeita, sem problemas, sem percalços, sem sofrimento. Isso é completa utopia. É vencendo as dores, derrotas e frustrações diárias que damos sentido a nossa vida. A maneira como aceitamos nosso destino, como carregamos nossa cruz, nos dá a chance de acrescentarmos um sentido à nossa passagem por este vale de lágrimas. Dostoevsky disse que só havia uma coisa que ele temia, e era não ser digno do seu sofrimento. Para Nietzsche, quem tem um motivo para viver, pode suportar quase tudo. Assim, provar que se é digno do próprio sofrimento é o caminho para alcançarmos um nível mais elevado na escala da condição humana.